MINICONTO CARREGADO DE BRINCADEIRA
Depois da chuva forte que gritou durante a madrugadinha, eles desceram com as pipas nas mãos, feitas no dia anterior com papel de seda, linha gossa e cola de grude, feita com água e goma engrossada ao fogo.
Eram coloridas e serviriam também para corar o céu meio nublado, que naquela manhã não contava com a luz do sol. O vento, esse sim, facilitou a subida dos pássaros de papel presos as suas mãos.
Os cinco, chegaram ali no Largo do Canela, e começaram a incrível tentativa de fazer seus sonhos subirem ao céu naquelas pipas carregadas de cor e de simplicidade.
Estavam descalços, com roupinhas de tecido barato, sorriso no rosto e exalavam a fantasia de ser criança. Há muito perdida pelos pequeninos de nossa era, adulterados por games e bichinhos virtuais.
Talvez tenha sido essa imagem de um a infância real que me chamou atenção, aquela brincadeira carregada de humanidade, carregada de inocência.
Eu observava tudo parado naquela esquina, os brinquedos de papel voadores, me tranqüilizavam, traziam alegria ao meu coração e me fazia sentir o gosto esquecido de uma infância perdida nos confins da mente.
Saí caminhando e sempre que olhava para trás, via cada vez menor as pipas em cor vermelha e amarela, como sonhos encantados num céu cinza.
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