domingo, 20 de março de 2011

FESTIVAL NACIONAL DE VIOLÃO DO PIAUÍ

Já foi lançado o VII FESTIVAL DE VIOLÃO DO PIAUÍ que acontecerá de 07 a 10 de abril de 2011.
A programação é um presente para quem curte música de qualidade.
Só para se ter idéia, o grande Yamandú Costa fará show.
Confira tudo no blog do evento. CLICK AQUI!

domingo, 13 de março de 2011

A PARTIR DA IMAGEM


MINICONTO DO AMOR DE FOLIA


Depois que a quarta-feira de cinzas se apresentou com o sol quente e a morte dos blocos de rua, ela ainda de fantasia, encostou na janela do casarão vazio e descobriu que o amor da noite passada era folia.

Olhando a rua vazia e com beatas que já vinham da igreja com o sinal da cruz tatuado pela cinza em suas testas, se tocou que não era mais rainha. Apenas rapariga, sem príncipe,sem brilho,sem nada.



Stefano Ferreira. Miniconto escrito a partir de uma caricatura do Di Cavalcanti.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti (Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1976) .

Nascido no Rio de Janeiro em 1897, fez sua estreia como desenhista no salão das Humoristas em 1916. Após se mudar para São Paulo em 1917, conviveu com Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Brecheret. Frequentou também o ateliê do pintor impressionista alemão George Elpons.
Foi dele a ideia da Semana de Arte Moderna, que aconteceu no Teatro Municipal de 1922. Era uma época de muitas novidades, como o carro, a fotografia e o cinema mudo. Então a vida das pessoas estava mudando muito rápido, mas a poesia e a pintura continuavam a seguir as antigas regras, em sua maioria francesas.

Di Cavalcanti foi também um intelectual bem informado sobre as vanguardas artísticas de seu tempo. Em 1921, foi convidado a ilustrar o livro "Balada do Cárcere de Reading", de Oscar Wilde, um dos mais renomados escritores da época. Neste mesmo ano se casa com Maria, sua prima em segundo grau.

A semana de 22 foi uma espécie de festival em que modernistas brasileiros mostraram seus trabalhos. Além de expor suas telas, Di Cavalcanti desenhou o programa e os convites da mostra. Em seguida, em 1923, viajou para a Europa para estudar e lá conheceu e conviveu com grandes mestres da pintura, como Picasso, Braque, Matisse e Léger. Di Cavalcanti também teve influências de Paul Gauguin, de Delacroix e dos muralistas mexicanos. O contato que teve com o cubismo de Picasso, o expressionismo e outras correntes artísticas de vanguarda, contribuiu para aumentar sua disposição em quebrar paradigmas e inovar em sua arte, sem perder de vista uma estética que abordava a sensualidade tropical.

Na volta ao Brasil, retratou temas nacionais e populares, como favelas, operários, soldados, marinheiros e festas populares. Também ficou conhecido por seus belos retratos de negras, fase em que consagrou a modelo e atriz Marina Montini.

Em 1926, já no Brasil, ingressa no Partido Comunista e continua a fazer ilustrações. Após nova viagem a Paris, faz os painéis de decoração do Teatro João Caetano do Rio de Janeiro. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, Di Cavalcanti é preso pela primeira vez. Após ser libertado, se casa com Noêmia Mourão, sua segunda esposa. Em 1950 projetou o mosaico da fachada do Teatro Cultura Artística, a maior obra do artista, com 48 metros de largura por 8 metros de altura.

O pintor recebeu prêmios importantes, como a "Medalha de Ouro" na exposição de Paris (1937) e o título de "Melhor Pintor Brasileiro" na II Bienal de São Paulo (1953), junto com Volpi.

Di Cavalcanti era um artista de muitas habilidades. Além de quadros e ilustrações para revistas, fez desenhos para jóias, tapetes e painéis. Morreu na sua cidade natal em 1976.

sábado, 12 de março de 2011

CLARÃO

Sem seu sorriso
Meus versos ficam no escuro

Escrevo em linhas tortas

Por isso
Clamo que voltes a rir

Para que em claras páginas
Possa me despir e caminhar

Por linhas retas rumo a ti.

Stefano Ferreira. Oeiras-PI. 12 de março. Sábado chuvoso e frio.

quinta-feira, 10 de março de 2011

POEMINHA SEM RIMA E SEM GRAÇA DE QUARTA-FEIRA DE CINZAS

HOJE QUERO OUVIR PÁSSAROS
NA JANELA DE MINHA CASA

NÃO DESEJO SINFONIAS

APENAS

VIDA TRANQUILA

UM CANTO NOVO QUE ME LEMBRE SILÊNCIO

E ME TIRE DO CORPO A FANTASIA QUE NÃO USEI.



Stefano Ferreira. Quarta-feira de cinzas de 2011, buscando um norte rumo a vida real. Obloco passou...

quarta-feira, 9 de março de 2011

EM BUSCA DO NOVO

Depois de um período de preguiça criativa e reflexão para construção de novas linguagens, estoamos voltando a postar nesse espaço de expressão.

Além de dicas culturais, minicontos, poemas e crônicas, está de volta aos domingos o projeto virtual "A PARTIR DA IMAGEM", quando a apartir de uma onra de arte, crio um miniconto e depois democratizo informações sobre o criador da obra. Experimento literário e democratização da obra de pintores de estéticas de diferentes épocas são os focos principais desse trabalho que tanto eu, quantoquem quem vem aqui aos domingos curtimos.

Fiquem a vontade como sempre.



O A Cor da Chita continua sendo nosso...
Obrigado por fazer parte desse espaço!
Sejam sempre bem vindos!

Stefano Ferreira

domingo, 2 de janeiro de 2011

O BERÇO DA RUA DO FOGO




Fotos: Stefano Ferreira

Na tradicional e cheia de lendas Rua do Fogo, na antiga capital do Piauí, a garagem do Sr, Chico Rêgo, historiador e atual Presidente do Instituto Histórico de Oeiras, abriga um presépio.

O berço é singelo e produzido com areia, macambiras e pedras dos morros que circundam a cidade e tem peças em madeira, resina e gesso.

A iluminação convida quem passa pela rua localizada no centro histórico.

Os berços de natal eram uma tradição muito forte na Velha Urbe que foi se perdendo com o tempo e que precisa ser estimulada.

Ao visitar o presépio, lembrei de minha infância, quando ficava horas olhando o berços de Dona Rosa Mesquita e de Dona Alina Ferraz. Estes dois habitam o lúdico de minha memória.

Ao lembrar, chego a sentir o cheiro do "André-miúdo", planta nativa retirada nos morros de nossa terra. E não me esqueço de um galo, colocado nas pedras mais altas, que mudava de cor dependendo da temperatura.

Ao voltar da visita ao presépio, passo pela Praça das Vitórias e as crianças brincam pulando em balão inflável ou pilotanfo carros e motos de brinquedo. Algumas delas, passeiam de patins com capecetes nas cabeças e outras ainda, lutam com armas japonesas. Entrei no beco ao lado da linda praça iluminada, refletindo sobre nossa identindade ou melhor, sobre a desconstrução dela.

Como era bom ser criança naquele tempo que não volta mais...

Stefano Ferreira. Madrugada de 03 de janeiro de 2011.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

COLORINDO A VIDA CINZA DA CIDADE DE CABEÇA SUJA

Como ela sempre saía mais cedo e estava chovendo, ele correu ao guarda-roupa que tinha pôsteres de filmes franceses antigos, abriu a porta em busca da capa transparente há muito tempo sem uso e detectou que a mulher já havia levado como proteção à chuva fina que caía molhando as ruas da cidade ainda sonolenta.

Sem alternativa, pegou a sobrinha de fundo azul, estampada com flores laranja e rosa, dependurada no armador ao lado da cama.

Não fez nenhuma relação das flores que sorriam vibrantes no tecido do objeto com o universo feminino, e por isso mesmo, saiu como habitualmente rumo ao cotidiano de sempre.

Ao passar pelas ruas, sentiu o olhar ridicularizador dos que estavam na lida, nos prédios em construção e nas bancas de revistas onde sorrisos de canto de boca e olhares afiados olhavam com espanto seu guarda chuva estampado.
Depois do segundo quarteirão, começou a achar bom o espanto que o acompanhava e começou a rir junto com seu jardim andante.

A cena ao contrário do que a maioria via era poética. Caminhando apressado, suas flores iam pelas calçadas, colorindo e suavizando o dia cinza que tentava impor preguiça e tristeza à cidade.


Stefano Ferreira. Madrugada de um 14 de dezembro frio.