sábado, 31 de maio de 2008

POEMA DE COR





Para Joca Oeiras



Chita tem em todo tabuleiro
De estampas variadas
Como pessoas nas calçadas caminhando
A procura do nada
Que sempre está pelas esquinas

Dizem que só existe
Chita estampada
Com flores grandes
Em cores nunca frias

Chitas são quentes
Espinhentas
E
Desvendam poesia

Chitas misturam
Amarelo ao fundo
Azul nos detalhes
Vermelho nas flores
Verde em folhas

Todas misturadas na saia
Da pobre mulher de bicicleta
Que vai da feira ao açougue

Branca

Ou

Forra os panos da moça
Noiva
Em mala de couro fechada
A sete chaves

Preta

Chita só vive
Quando fala
Pelas ruas de uma cidade

Pois alegra movimentos
E faz
Pulsar olhos carentes de cor.




Stefano Ferreira. poema escrito brincando de "ludo" com as palavras, depois de ler comentário de Joca Oeiras acerca do novo layout do blog.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

POEMA SEM CONJUNTIVITE

Ilustração: Stefano Ferreira

Se em cada
Olhar estranho
Tropeço

É no seu
Que me guio.

Stefano Ferreira. Numa tarde avulsa de maio, quando junho já coloca a cabeça na janela.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

AVISO

Riso
Cabe
Em qualquer
hora
Em qualquer
canto.
Basta uma pitada de sorriso...


Stefano Ferreira. Manhã de maio/2008.

terça-feira, 27 de maio de 2008

POEMA DELGADO DO FIM DA TARDE

Foto: Stefano Ferreira
Para mim

Balbuciar
Baixinho
Saudade


Não
Silencia
O grito
Que
No peito

Reside




Stefano Ferreira. Poema escrito brincando de pega-varetas com o tempo.

P.S.: Foto de uma janela de uma sala do prédio da UESPI(Oeiras), antigo prédio da Escola Normal Presidente Castelo Branco.

domingo, 25 de maio de 2008

Foto: Stefano Ferreira


SOLETRANDO "A-DEUS"

Na primeira noite do Festival de Inverno de Pedro II, no último dia 22, escuto o locutor do Palco Jazz, noticiar a morte do poeta piauiense H. Dobal, há muitos dias internado em estado grave em hospital de Teresina.


Logo pensei naquele sorriso intenso e ao mesmo tempo pueril de Dobal, sua poesia profunda e reflexiva e seu jeito simples de escrever poemas de um telurismo próprio.


Na feira de artesanato, montada numa praça ao lado, livros de sua antologia poética eram expostos a venda.


Lembrei-me, tateando com os olhos seus textos que poetas não morrem, ficam petrificados em suas palavras arrumadas repletas de sentido.


OS AMANTES

Eis-me de novo adolescente.
Triste Vivo outra vez amor e solidão
Canto em segredo palpitar macio
De pétala ou de asa abandonada
Outro amor em silêncio e na incerteza
Oprime o coração desalentado.
Ó lentidão dos dias brancos quando
A angústia os deseja breves como um sonho.
Insidioso amor em minha vida
Reverte o tempo para o desespero,
A inquietação da adolescência
E o pensamento me tortura, prende
Como se nunca houvesse outro consolo
Que não é mais de amor.

Porém de morte.






H. Dobal

1927-2008





segunda-feira, 19 de maio de 2008


NARRATIVAS DE FÉ NO SALIPI


"Passos do Bom Jesus, Narrativas de Fé"
( Stefano Ferreira e Pedro Dias de Freitas Jr)

Bate-Papo literário e lançamento

Salão do Livro do Piauí 2008

Dia: 02 de Junho
Horário:18:00h
Centro de Convenções
Teresina-Piauí-Brasil
ARTES VISUAIS



Edmo Campos é mesmo um grande dsigner.
Arte do cartaz da Festa de Vaqueiros 2008.
Não precisa dizer mais nada!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Foto: Stefano Ferreira

O ANIVERSÁRIO DE UMA BARATA


Assinar um blog foi algo que aconteceu comigo de forma inusitada e epifânica. Na verdade foi a literatura, em especial a poesia, quem me guiou nesse ofício maravilhoso, não remunerado, mas prazeroso. Como num clarão, mergulhei nesse novo campo que me fascina a cada dia.

Há muito tempo, escrevia poemas e não os publicava, por falta de espaço e pela dificuldade de publicá-los em livro.

Daí, numa noite de insônia, coisa que não é comum a minha pessoa, resolvi navegar por várias páginas, onde a poética era a matéria prima principal, sem nenhuma burocracia, custo ou linha editorial, poetas se despiam em blogs que democratizavam sentimentos, pensamentos e linguagens.

Naquela noite, decidi criar o “A cor da chita”, um blog onde eu pudesse me expressar poeticamente, onde eu pudesse compartilhar opiniões, publicar meus minicontos, artigos e conversar fiado. Lembrei-me agora do livro "A Paixão Segundo G.H" da maravilhosa Clarice Lispector, onde a narradora dirige-se ao quarto da empregada, que acabara de deixar o emprego. Lá vê uma barata, saindo de um armário. Isso provoca-lhe uma náusea,um nojo, mas ao mesmo tempo , é o motivo de uma longa reflexão de sua própria existência, sempre resguardada, sempre muito acomodada. A visão da barata é o seu momento de iluminação após o qual já não é a mesma. O a cor da chita é minha barata. Depois dele já não sou o mesmo, pois encontrei um canal meu, onde posso ousar, falar e me deliciar com o meu próprio delírio.


Como uma brincadeira, decidi dar o
nome, usando uma expressão popular muito usada por esses sertões de dentro. Coisa que chamou a atenção desde o primeiro dia de postagem.


O meu blog, hoje é meu brinquedo predileto, meu palco sem cortinas, minha praia, com quem brinco com seriedade, com palavras e imagens.

Tem um estilo contemporâneo, uma forma própria de ver o mundo e se mostrar a ele.

Completando um aninho de vida, eu só posso comemorar, a liberdade e praticidade de gritar para o mundo todo o que penso e o que vejo com meu olhar.

Agradeço a todos aqueles que lêem e comentam os posts, aos amigos que colaboram, ao Portal do Sertão que colocou o A Cor da Chita como um dos seus links permanentes com a denominação de "Blog do Stefano", bem como à página de Oeiras do portal 180 Graus, ao blogsite Rock de Rua, ao blog Mural da Vila, ao blog Mosaico da Vila, á página de Oeiras do site Canal 13 e aos meus amigos do Solar das 12 Janelas.
Viva a possibilidade de expressão livre que um blog nos proporciona.
Que a estrada seja sem fim!

domingo, 11 de maio de 2008




fotos: Adileuza Pacheco




O DIVINO DE OEIRAS: CORES, ORAÇÕES, CARIDADE, VIVÊNCIA E IDENTIDADE.



A Festa do Divino Espírito Santo realiza-se no Domingo de Pentecostes, festa móvel católica, que acontece sempre cinqüenta dias depois da Páscoa, em comemoração à vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. Ela se realiza em inúmeras localidades do país.

Em Oeiras, Primeira Capital do Piauí, a Festa é uma das maiores manifestações de fé e religiosidade popular. Na Festa existem muitas relações que perpassam o campo da religiosidade, transportando-nos para uma teia de relações da fé popular, onde muitas simbologias relatam a raiz de uma tradição que acontece em várias regiões brasileiras, cada um com suas especificidades.

Segundo a pesquisadora Rita Amaral, existem várias versões sobre a chegada dessa tradição no Brasil. O certo é que a Festa chega no Período colonial em regiões como Minas Gerais e depois vai pouco a pouco se democratizando, chegando a outras regiões como o Maranhão e no Goiás.

As festas populares do Espírito Santo foram instituídas pela rainha Santa Izabel de Aragão e o El Rei Dom Diniz, lá pelo ano de mil duzentos e tantos, logo após seu casamento com a rainha santa.
Teve essa festa por berço a então vila de Alemquer, de onde se irradiou por todo o continente português, instalando-se definitivamente e com raízes profundas, no arquipélago dos Açores, desde o início de seu povoamento regular. Dessas ilhas teve prioridade na instalação da festa a ilha de Santa Maria, que na primeira metade do século XV já a celebrava com brilho e pompa.

Segundo Luís Câmara Cascudo, em comentários á obra Festas e tradições populares do Brasil, de Melo Morais Filho. 3ª edição, Rio de Janeiro, 1946, a popularíssima festa do Divino Espírito Santo não é comum a todo o Brasil.

A maior parte dos símbolos litúrgicos e populares comuns à festividade aparecem na tradição Oeirense, entretanto a festa do divino em Oeiras possui sua veia sertaneja de ser.

No ritual, existe a figura do Imperador do Divino, devoto que teve o nome sorteado para receber em sua residência por um ano a imagem do paráclito, colocando a casa a disposição da visitação popular.

A imagem, que data do século XIX, diferentemente de muitas regiões não é branca, mas sim, em tom de bronze. Esta vai durante o percurso em uma bandeja de prata portuguesa, sendo tocada pelos fiéis e aparada de um lado por uma coroa de prata portuguesa do século XVIII e do outro lado, por um cetro, também de prata da mesma época do outro símbolo imperial.

Á frente da procissão, vai o símbolo mais popular da festa, comum a todas as manifestações do divino no Brasil, tanto no Goiás, como em Minas Gerais, no Maranhão, no interior do Rio de Janeiro e São Paulo, festas mais conhecidas do País.

Aqui a bandeira, tem um papel simbólico e comunicacional na procissão, pois representa em Oeiras um dos dons do Espírito Santo, a inteligência. Por isso, a cultura popular oeirense incorporou o ato típico de se passar a bandeira sobre as cabeças, pedindo luz e discernimento.

Sempre na saída da Igreja, a população disputa a bandeira, passando a seda vermelha, bordada com elementos do espírito santo em dourado para passar nas cabeças. Essa tradição popular é repassada de geração em geração e mesmo durante todo o ano, a bandeira fica exposta na sala da casa do Imperador, onde os visitantes podem repetir o ato de envolverem as cabeças com o instrumento de fé.

A cor vermelha e branca são outros referenciais simbólicos do ritual, onde além de serem usados nas roupas, são espalhados em flâmulas pelas ruas, sinalizando a fé daquela época do ano, traduzindo o fogo do amor do Espírito Santo.

É bem verdade, que uma semana antes da Festa, na chamada coroação do Divino Espírito Santo, a cor mais usada pelos fiéis é o branco e na semana seguinte, data da festa, o vermelho é usado pelos fiéis e visitantes.

Em Oeiras os referenciais provenientes da criação portuguesa da festa são muito fortes, como a idéia de uma festa imperial, além dos elementos como a coroa e o cetro, a própria relação de fé popular criada na cidade, refletem a gênese histórica da festa.

Elementos típicos da nobreza são percebidos, na concepção de fé da Festa do Divino, por exemplo, podemos citar as oferendas ao divino, como as centenas de jóias, que são ofertadas, como pagamento de promessa.

Mas, a caridade é uma das vertentes litúrgicas, sustentada na tradição da distribuição da carne de um boi para famílias carentes da cidade. Essa tradição tem aumentado com o passar dos tempos, pois além do boi ofertado pela família do imperador, hoje mais de dez bois são ofertados como promessas.

Em muitas regiões, existe aliada ao ritual uma vasta festa profana, com cavalgadas e folias, o que em Oeiras não existe, o que não torna a festa triste. A família patrocinadora festeja com seus entes queridos e amigos a estadia do divino ali por um ano.

A Procissão é acompanhada pela Banda Santa Cecília, fundada em 1940 e presente ás procissões Oeirenses, além do som dos fogos de artifício que sinalizam a alegria dos católicos naquele dia.

A tradição do divino é expressa pela fé popular na cidade de forma fervorosa, tanto que existem famílias que esperam pela graça de receber a imagem em casa há mais de vinte anos.

A Festa do Divino Espírito Santo de Oeiras é mais uma das manifestações de fé que carrega uma riqueza comunicacional profunda, onde o erudito e popular se misturam, folclore, história e liturgia se expressam, em cores, orações, dedicação, vivencia e identidade. É sem dúvida, uma prova concreta da memória cultural Oeirense que encanta filhos da Primeira Capital e já começa a se tornar um dos grandes atrativos do turismo religioso do Estado do Piauí.



Stefano Ferreira
Jornalista e Professor
Núcleo de Estudos Comunicacionais da Oeirensidade

quarta-feira, 7 de maio de 2008

ARTES VISUAIS

Foto: Inamorato Reis


Fotografar Oeiras é se lançar a arte de pintar com luz uma paisagem que mesmo sendo íntima, se mostra nova.
A cada ângulo escolhido, uma surpresa se revela.
Hoje não quero escrever mais que isso.
Que o olhar do outro me expresse!

sábado, 3 de maio de 2008

Foto: Stefano Ferreira


Poeminha curvo


Linhas sinuosas
Saem das portas dos seus olhos
E adentram o meu olhar
Colorindo a vida
Observada pelas minhas retinas.


Sem botar quebranto.





Stefano Ferreira. Escrito na tarde de um sábado molinho que teima em querer me causar preguiça.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Foto: FNT

CULTURA NORDESTINA EM DOCUMENTÁRIOS




Na ultima quarta-feira, 30 de abril, aconteceu na sede da Fundação Nogueira Tapety a entrega de um acervo de documentários sobre a Cultura Nordestina, produzidos pelo Centro Cultural do Banco do Nordeste do Ceará.


O acervo que foi pleiteado pela FNT ainda no mês de abril, foi entregue pelo gerente da agência do Banco do Nordeste de Oeiras que esteve presente, juntamente com o Presidente da FNT, O promotor de Justiça Carlos Rubem, do Assessor de Imprensa da FNT Joça Oeiras e do Secretário de Cultura de Oeiras, Prof. Stefano Ferreira.


Na ocasião, as instituições ali representadas, discutiram a importância da democratização do material em Oeiras e programaram o planejamento de uma mostra para o envolvimento de toda a comunidade.


Na próxima segunda-feira, 05 de maio, a FNT e a Secretaria de Cultura de Oeiras, já reunirão representantes de instituições educacionais para a elaboração do plano de estratégia que norteará a mostra de documentários.