domingo, 25 de maio de 2008

Foto: Stefano Ferreira


SOLETRANDO "A-DEUS"

Na primeira noite do Festival de Inverno de Pedro II, no último dia 22, escuto o locutor do Palco Jazz, noticiar a morte do poeta piauiense H. Dobal, há muitos dias internado em estado grave em hospital de Teresina.


Logo pensei naquele sorriso intenso e ao mesmo tempo pueril de Dobal, sua poesia profunda e reflexiva e seu jeito simples de escrever poemas de um telurismo próprio.


Na feira de artesanato, montada numa praça ao lado, livros de sua antologia poética eram expostos a venda.


Lembrei-me, tateando com os olhos seus textos que poetas não morrem, ficam petrificados em suas palavras arrumadas repletas de sentido.


OS AMANTES

Eis-me de novo adolescente.
Triste Vivo outra vez amor e solidão
Canto em segredo palpitar macio
De pétala ou de asa abandonada
Outro amor em silêncio e na incerteza
Oprime o coração desalentado.
Ó lentidão dos dias brancos quando
A angústia os deseja breves como um sonho.
Insidioso amor em minha vida
Reverte o tempo para o desespero,
A inquietação da adolescência
E o pensamento me tortura, prende
Como se nunca houvesse outro consolo
Que não é mais de amor.

Porém de morte.






H. Dobal

1927-2008





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