



O DIVINO DE OEIRAS: CORES, ORAÇÕES, CARIDADE, VIVÊNCIA E IDENTIDADE.
A Festa do Divino Espírito Santo realiza-se no Domingo de Pentecostes, festa móvel católica, que acontece sempre cinqüenta dias depois da Páscoa, em comemoração à vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. Ela se realiza em inúmeras localidades do país.
Em Oeiras, Primeira Capital do Piauí, a Festa é uma das maiores manifestações de fé e religiosidade popular. Na Festa existem muitas relações que perpassam o campo da religiosidade, transportando-nos para uma teia de relações da fé popular, onde muitas simbologias relatam a raiz de uma tradição que acontece em várias regiões brasileiras, cada um com suas especificidades.
Segundo a pesquisadora Rita Amaral, existem várias versões sobre a chegada dessa tradição no Brasil. O certo é que a Festa chega no Período colonial em regiões como Minas Gerais e depois vai pouco a pouco se democratizando, chegando a outras regiões como o Maranhão e no Goiás.
Em Oeiras, Primeira Capital do Piauí, a Festa é uma das maiores manifestações de fé e religiosidade popular. Na Festa existem muitas relações que perpassam o campo da religiosidade, transportando-nos para uma teia de relações da fé popular, onde muitas simbologias relatam a raiz de uma tradição que acontece em várias regiões brasileiras, cada um com suas especificidades.
Segundo a pesquisadora Rita Amaral, existem várias versões sobre a chegada dessa tradição no Brasil. O certo é que a Festa chega no Período colonial em regiões como Minas Gerais e depois vai pouco a pouco se democratizando, chegando a outras regiões como o Maranhão e no Goiás.
As festas populares do Espírito Santo foram instituídas pela rainha Santa Izabel de Aragão e o El Rei Dom Diniz, lá pelo ano de mil duzentos e tantos, logo após seu casamento com a rainha santa.
Teve essa festa por berço a então vila de Alemquer, de onde se irradiou por todo o continente português, instalando-se definitivamente e com raízes profundas, no arquipélago dos Açores, desde o início de seu povoamento regular. Dessas ilhas teve prioridade na instalação da festa a ilha de Santa Maria, que na primeira metade do século XV já a celebrava com brilho e pompa.
Segundo Luís Câmara Cascudo, em comentários á obra Festas e tradições populares do Brasil, de Melo Morais Filho. 3ª edição, Rio de Janeiro, 1946, a popularíssima festa do Divino Espírito Santo não é comum a todo o Brasil.
A maior parte dos símbolos litúrgicos e populares comuns à festividade aparecem na tradição Oeirense, entretanto a festa do divino em Oeiras possui sua veia sertaneja de ser.
No ritual, existe a figura do Imperador do Divino, devoto que teve o nome sorteado para receber em sua residência por um ano a imagem do paráclito, colocando a casa a disposição da visitação popular.
A imagem, que data do século XIX, diferentemente de muitas regiões não é branca, mas sim, em tom de bronze. Esta vai durante o percurso em uma bandeja de prata portuguesa, sendo tocada pelos fiéis e aparada de um lado por uma coroa de prata portuguesa do século XVIII e do outro lado, por um cetro, também de prata da mesma época do outro símbolo imperial.
Á frente da procissão, vai o símbolo mais popular da festa, comum a todas as manifestações do divino no Brasil, tanto no Goiás, como em Minas Gerais, no Maranhão, no interior do Rio de Janeiro e São Paulo, festas mais conhecidas do País.
Aqui a bandeira, tem um papel simbólico e comunicacional na procissão, pois representa em Oeiras um dos dons do Espírito Santo, a inteligência. Por isso, a cultura popular oeirense incorporou o ato típico de se passar a bandeira sobre as cabeças, pedindo luz e discernimento.
Sempre na saída da Igreja, a população disputa a bandeira, passando a seda vermelha, bordada com elementos do espírito santo em dourado para passar nas cabeças. Essa tradição popular é repassada de geração em geração e mesmo durante todo o ano, a bandeira fica exposta na sala da casa do Imperador, onde os visitantes podem repetir o ato de envolverem as cabeças com o instrumento de fé.
A cor vermelha e branca são outros referenciais simbólicos do ritual, onde além de serem usados nas roupas, são espalhados em flâmulas pelas ruas, sinalizando a fé daquela época do ano, traduzindo o fogo do amor do Espírito Santo.
É bem verdade, que uma semana antes da Festa, na chamada coroação do Divino Espírito Santo, a cor mais usada pelos fiéis é o branco e na semana seguinte, data da festa, o vermelho é usado pelos fiéis e visitantes.
Em Oeiras os referenciais provenientes da criação portuguesa da festa são muito fortes, como a idéia de uma festa imperial, além dos elementos como a coroa e o cetro, a própria relação de fé popular criada na cidade, refletem a gênese histórica da festa.
Elementos típicos da nobreza são percebidos, na concepção de fé da Festa do Divino, por exemplo, podemos citar as oferendas ao divino, como as centenas de jóias, que são ofertadas, como pagamento de promessa.
Mas, a caridade é uma das vertentes litúrgicas, sustentada na tradição da distribuição da carne de um boi para famílias carentes da cidade. Essa tradição tem aumentado com o passar dos tempos, pois além do boi ofertado pela família do imperador, hoje mais de dez bois são ofertados como promessas.
Em muitas regiões, existe aliada ao ritual uma vasta festa profana, com cavalgadas e folias, o que em Oeiras não existe, o que não torna a festa triste. A família patrocinadora festeja com seus entes queridos e amigos a estadia do divino ali por um ano.
A Procissão é acompanhada pela Banda Santa Cecília, fundada em 1940 e presente ás procissões Oeirenses, além do som dos fogos de artifício que sinalizam a alegria dos católicos naquele dia.
A tradição do divino é expressa pela fé popular na cidade de forma fervorosa, tanto que existem famílias que esperam pela graça de receber a imagem em casa há mais de vinte anos.
A Festa do Divino Espírito Santo de Oeiras é mais uma das manifestações de fé que carrega uma riqueza comunicacional profunda, onde o erudito e popular se misturam, folclore, história e liturgia se expressam, em cores, orações, dedicação, vivencia e identidade. É sem dúvida, uma prova concreta da memória cultural Oeirense que encanta filhos da Primeira Capital e já começa a se tornar um dos grandes atrativos do turismo religioso do Estado do Piauí.
Stefano Ferreira
Jornalista e Professor
Segundo Luís Câmara Cascudo, em comentários á obra Festas e tradições populares do Brasil, de Melo Morais Filho. 3ª edição, Rio de Janeiro, 1946, a popularíssima festa do Divino Espírito Santo não é comum a todo o Brasil.
A maior parte dos símbolos litúrgicos e populares comuns à festividade aparecem na tradição Oeirense, entretanto a festa do divino em Oeiras possui sua veia sertaneja de ser.
No ritual, existe a figura do Imperador do Divino, devoto que teve o nome sorteado para receber em sua residência por um ano a imagem do paráclito, colocando a casa a disposição da visitação popular.
A imagem, que data do século XIX, diferentemente de muitas regiões não é branca, mas sim, em tom de bronze. Esta vai durante o percurso em uma bandeja de prata portuguesa, sendo tocada pelos fiéis e aparada de um lado por uma coroa de prata portuguesa do século XVIII e do outro lado, por um cetro, também de prata da mesma época do outro símbolo imperial.
Á frente da procissão, vai o símbolo mais popular da festa, comum a todas as manifestações do divino no Brasil, tanto no Goiás, como em Minas Gerais, no Maranhão, no interior do Rio de Janeiro e São Paulo, festas mais conhecidas do País.
Aqui a bandeira, tem um papel simbólico e comunicacional na procissão, pois representa em Oeiras um dos dons do Espírito Santo, a inteligência. Por isso, a cultura popular oeirense incorporou o ato típico de se passar a bandeira sobre as cabeças, pedindo luz e discernimento.
Sempre na saída da Igreja, a população disputa a bandeira, passando a seda vermelha, bordada com elementos do espírito santo em dourado para passar nas cabeças. Essa tradição popular é repassada de geração em geração e mesmo durante todo o ano, a bandeira fica exposta na sala da casa do Imperador, onde os visitantes podem repetir o ato de envolverem as cabeças com o instrumento de fé.
A cor vermelha e branca são outros referenciais simbólicos do ritual, onde além de serem usados nas roupas, são espalhados em flâmulas pelas ruas, sinalizando a fé daquela época do ano, traduzindo o fogo do amor do Espírito Santo.
É bem verdade, que uma semana antes da Festa, na chamada coroação do Divino Espírito Santo, a cor mais usada pelos fiéis é o branco e na semana seguinte, data da festa, o vermelho é usado pelos fiéis e visitantes.
Em Oeiras os referenciais provenientes da criação portuguesa da festa são muito fortes, como a idéia de uma festa imperial, além dos elementos como a coroa e o cetro, a própria relação de fé popular criada na cidade, refletem a gênese histórica da festa.
Elementos típicos da nobreza são percebidos, na concepção de fé da Festa do Divino, por exemplo, podemos citar as oferendas ao divino, como as centenas de jóias, que são ofertadas, como pagamento de promessa.
Mas, a caridade é uma das vertentes litúrgicas, sustentada na tradição da distribuição da carne de um boi para famílias carentes da cidade. Essa tradição tem aumentado com o passar dos tempos, pois além do boi ofertado pela família do imperador, hoje mais de dez bois são ofertados como promessas.
Em muitas regiões, existe aliada ao ritual uma vasta festa profana, com cavalgadas e folias, o que em Oeiras não existe, o que não torna a festa triste. A família patrocinadora festeja com seus entes queridos e amigos a estadia do divino ali por um ano.
A Procissão é acompanhada pela Banda Santa Cecília, fundada em 1940 e presente ás procissões Oeirenses, além do som dos fogos de artifício que sinalizam a alegria dos católicos naquele dia.
A tradição do divino é expressa pela fé popular na cidade de forma fervorosa, tanto que existem famílias que esperam pela graça de receber a imagem em casa há mais de vinte anos.
A Festa do Divino Espírito Santo de Oeiras é mais uma das manifestações de fé que carrega uma riqueza comunicacional profunda, onde o erudito e popular se misturam, folclore, história e liturgia se expressam, em cores, orações, dedicação, vivencia e identidade. É sem dúvida, uma prova concreta da memória cultural Oeirense que encanta filhos da Primeira Capital e já começa a se tornar um dos grandes atrativos do turismo religioso do Estado do Piauí.
Stefano Ferreira
Jornalista e Professor
Núcleo de Estudos Comunicacionais da Oeirensidade
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