
Quando a vida vai mais dura do que já é, ela própria se encarrega de nos consolar com situações esperançosas, carregadas de poesia e paz.
Ao sair de casa hoje pela manhã, refletia sobre tudo que de certa forma, vive o mundo e eu mesmo.
Cada passo no calçamento antigo, da ladeira que desço todos os dias, me remetia a um assunto, como aquecimento global, aborto e Igreja Católica, escândalos do governo Lula, enfim, tudo que fora bombardeado na noite anterior pelos noticiários da tv.
Chego exaustivamente à biblioteca, sem nem mesmo me dar conta do tempo gasto da minha casa ao antigo casarão onde trabalho.
Ao entrar na sala onde se posicionam as mesas de leitura, vejo a cena que me acalenta o peito e a alma.
Sozinha, na segunda mesa, se encontra uma criança de mais ou menos dez anos, pernas cruzadas e rosto de puro delírio lúdico, lendo como se o mundo fosse o paraíso tanto desejado.
Ao observar discretamente a capa do livro que se deliciava a menina,vejo:
"A mulher que matou os peixes", Clarice Lispector.
Rapidamente me veio a sensação de conforto, calma e esperança.
Me sento calado e acredito que dias melhores virão.
A cena foi como um bálsamo em meu ser, um consolo e uma luz no meio do mundo desesperançoso que vivemos.
Ainda há tempo. Ainda há jeito!
1 comentário:
Olá Stefano. Achei muito interessante e oportuna a iniciativa de criar um Blog com essa proposta. É sempre bom ter mais espaços para discutir sobre cultura, arte e poesia, uma vez que estamos em uma época que infelizmente pouco se valoriza uma boa leitura. Existe uma frase política que diz: "lugar de criança é na escola". Eu falo que, independente de onde ela esteja, uma vez criança, ela jamais pode deixar de imaginar. E uma das formas da criança soltar a imaginação é através da leitura. Parabéns pelo trabalho!!!
Enviar um comentário