Como se o aparelho celular fosse parte do seu corpo, ela sentiu falta do mesmo como quem sente a a voz falhar ou deixa de escutar para sempre.
Dentro do ônibus lotado, passou lentamente a mão nos bolsos de trás da calça Lee surrada e detectou que o órgão virtual ficara em cima da penteadeira.
Atônita, abre e fecha a bolsa, sussurra baixinho: __Como sou burra. Me ferrei!
Sem perder tempo, ao chegar à parada final, empurra os passageiros na fila de descida e em frente ao prédio em que trabalha, suspira de alívio.
Enxerga um orelhão do outro lado da rua, atravessa quase sendo atropelada pelos carros apressados e rapidamente faz uma ligação dizendo:
___Alô, amor? Não liga no meu celular não. Esqueci em casa. À noite te ligo.
Depois de assentar o fone. Senta no banco de madeira ao lado e acende um cigarro sorrindo sozinha.
Stefano Ferreira. Madrugada do dia 07 de junho de 2009.
3 comentários:
é incrivel o quanto estamos ligados aos eletronicos...
as vezes sentimos mais falta de um chip de celular do que um parente que se foi... ótimo conto!
o celular, realmente, virou um "órgão virtual"...
PS: acabo de notar que esqueci o meu em casa!!
bjs adorei!!!
Tu é bom de prosa.Leve, gostei muito!
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