MINICONTO DO RECONHECIMENTO
Em frente ao espelho, penteava o cabelo, olhando sua própria face com Espanto e ao mesmo tempo contentamento.
O pente que alisava suavemente seu cabelo, era também um carinho que sua alma necessitava, depois da noite solitária que havia passado em claro.
Olhando o espelho como uma janela, esperava no fundo se reconhecer e recomeçar, redesenhando aquela pessoa que já se perdera há tempos.
O fato de se perguntar sobre si mesma era o início do recomeço a partir dela mesma.
E ficava ali horas e horas, nesse caminheiro insistente, a abrir as portas de seu ser, procurando quem não mais conhecia, sem sair de dentro de si, num exercício solitário como um narciso sem espanto, cego, onde nem beleza conseguia enxergar, no rosto da desconhecida reproduzida no espelho.
Que era ela mesma.
P.S:. Texto de estréia da série A Partir da Imagem, onde a cada domingo um quadro será o ponto de partida para um devaneio literário.
P.S:. Texto de estréia da série A Partir da Imagem, onde a cada domingo um quadro será o ponto de partida para um devaneio literário.
Adoro essa gravura de Lasar Segall e por isso a escolhí para o primeiro miniconto da série.
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