
(Para Celene Maura)
Como se não importasse com o farol, atravessou a faixa listrada como se o começo estivesse no fim.
Pelas portas dos comércios, passava sem olhar para o lado, como se alí dentro não houvesse a algazarra de bêbados sentados, cortando cabelo ou fazendo suas sujas barbas.
Cada vez mais, seus passos aumentavam, rumo ao local misterioso que planejara ir, logo cedo da manhã quente de junho.
Dobrando a esquina, ela entrou no beco delgado, já diminuíndo as passadas que agora lentamente, traduziam a chegada do lugar planejado.
Olhando discretamente, para um lado e para o outro,chegou na árvore que exibia o balanço, preso por duas cordas, que ainda estava balançando, por causa da ultima brincadeira das crianças.
Sentanda no balanço, ela teve que levantar os pés, por conta do tamanho de suas pernas, e começou a brincadeira de criança.
Cada vez mais rápido, ela sentia o vento a tocar sua face, mostrando um ar de felicidade extrema, com sorriso infantil e uma sensação de gozo. E logo começou a sorrir, a gritar, a gargalhar sem interrupções.
As pessoas começaram a sair nas portas de suas casas, assustadas com a cena, e cada vez mais ela gargalhava alto no balanço a se movimentar.
Depois, parou o instrumento freando com os pés no chão de areia molhada, que copiou o rastro do solado de sua sapatilha.
As pessoas olhavam com espanto a cena e ela ajeitava o longo cabelo, com duas presílias médias, fazendo um penteado cruzado na parte superior da cabeça. Depois ajeitou o vestido grená e com elegância partiu deixando o gosto da infância no ar.
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