
Muitos poetas brasileiros passam a vida no anonimato, tendo o reconhecimento de suas obras somente depois que morrem.
Um dos casos mais drásticos nesse sentido, foi o acontecido com a poeta(Hilda Hilst).
Formada em Direito pela USP, desde 1954 dedicou-se integralmente à criação literaria, produzindo uma vasta obra de características peculiares e novas linguagens.
Vivia isolada numa chácara chamada Casa do Sol, na companhia de seus mais de quinze cães, onde faleceu no dia quatro de fevereiro de 2004.
Hoje tem sua obra analisada e reconhecida como um dos nomes principais da literatura brasileira contemporânea.
A Editora Globo, vem lançando, para a alegria geral dos leitores, sua obra desde 2004.
Prove um pouquinho da poética de Hilda e permita-se ao delírio.
CANTARES DO SEM NOME E DE PARTIDAS
I
Que esse amor não me cegue nem me siga.
Ede mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas.E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena.E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formiga
Que este amor só me veja de partida.
Hilda Hilst
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